COMO ORGANIZAR, INFORMATIZAR  E TRABALHAR COM LISTAS DE AVES

Fazendo registros e listas de aves

Além de saber identificar as espécies os observadores gostam de fazer listas de aves. A capacidade de fazer registros e listas mostra a capacidade do observador de identificar espécies em campo. Para tratarmos disto, vamos definir alguns conceitos.

Localidade: A unidade geográfica para a qual são referidos registros ou listas de espécies. Pode seu bairro, seu sítio, a fazenda do amigo, um parque nacional. Exemplo: a Fundação Oscar Americano, em São Paulo , que propiciou inclusive a publicação de um guia de campo da área.

Ponto: um ponto geográfico exato para o qual é indicado um ou mais registros. Poderíamos dizer que as aves de um “ponto” são aquelas que podem ser vistas ou ouvidas pelo observador parado em algum lugar. Um método de levantamento quantitativo de aves se utiliza de pontos de escuta e observação. Claro que ninguém fará uma lista de um “ponto”, mas pontos de ocorrência de certas espécies são indicados com frequência na literatura. Exemplo: o ponto de visualização de Calyptura cristata em sua redescoberta no estado do Rio de Janeiro. Willis & Oniki (2003) [Aves do estado de São Paulo] citam muitos pontos: “ponte sobre o rio x”. Uma localidade é formada por diversos pontos. Em alguns trabalhos os autores indicam o ponto onde cada espécie pode ser encontrada com mais facilidade dentro de determinada localidade. Nno citado guia de campo da Fundação Oscar Americano isto é feito. Os guias de observação de aves, que acompanham observadores de aves, geralmente conhecem os pontos onde é mais provável de encontrar determinadas espécies.

Área: uma unidade geográfica que pode contemplar diversas localidades. Exemplo: Serra da Cantareira (São Paulo). Nessa serra se situa o Parque Estadual da Serra da Cantareira, com seus diversos núcleos: Pedra Grande, Águas Claras, Engordador, Cabuçu. Em geral as listas de aves são feitas para os diversos núcleos (que são então as localidades), porém uma lista mais ampla pode ser feita para o parque inteiro, ou a serra (que seria a área).

Registro: a detecção de um indivíduo de determinada espécie, em determinado ponto, em determinado momento, por determinado(s) autor(es). Essa é uma definição “radical”, na maioria das vezes não precisaremos de uma definição tão restritiva. Pode ser aplicada em um levantamento quantitativo. Também quando se pretende estudar qual o horário mais fácil de registrar a espécie na área. Participando de um censo de Amazona brasiliensis em Cananéia (projeto de responsabilidade de Mauro Galetti – UNESP Rio Claro), registrávamos o momento exato em que as aves passavam por determinado ponto. Nos levantamentos qualitativos, em geral podemos usar uma definição assim: a detecção de uma espécie, em determinado dia, em determinada localidade, por determinado(s) autor(es).

Muitas vezes, seremos ainda menos restritivos, ampliando o intervalo temporal para vários dias. Fazemos uma visita de alguns dias a uma determinada localidade e elaboramos uma lista que será indicada como: do dia “x” ao dia “y”. Ficaria muito exaustivo e sem sentido apresentar listas diárias. Entretanto, este intervalo de dias deve ter um limite. O limite do mês em questão talvez seja o máximo, para que se preserve a informação da sazonalidade de ocorrência das espécies na localidade. Para espécies francamente migratórias há interesse muitas vezes em saber qual o último dia de permanência na área e qual o primeiro dia em que aparece quando retorna da migração. Assim, nesses meses limites, as listas terão que ser necessariamente diárias.

Check-list: Uma lista das espécies de aves que ocorrem, ou que podem ocorrer em determinada localidade ou área onde serão feitas observações. Ele é útil para irmos assinalando na lista as espécies detectadas e também para se ter uma visão prévia do que se poderá encontrar lá. Uma boa prática que os observadores devem ter é, tendo em mãos esse check-list, selecionar as espécies que não conhece bem e ir rever fotos e vozes delas, o que facilitará sua identificação em campo. Da mesma forma obter vozes para fazer o play-back nos ambientes onde a espécie pode ocorrer. Outra vantagem de se ter um check-list digitalizado é que os nomes das espécies não precisarão ser digitados toda vez que forem incluídas na lista, diminuindo assim o trabalho e a possibilidade de erros de digitação. Também a ordem sistemática será mantida rigorosamente. Diferentes pesquisadores trabalhando numa mesma área poderão utilizar o mesmo check-list, o que facilitará a eventual consolidação ou comparação de seus dados.

 

Sugere-se preparar o check-list utilizando a versão mais recente da Lista de Aves do Brasil do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos - CBRO, versão 2015.

 

 

VOLTAR AO INÍCIO