Arquivo Sonoro Elias Coelho
O
acervo do ASEC é mantido junto ao Laboratório de Bioacústica do Instituto de
Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse arquivo foi criado em
1984 pelo Prof. Elias Pacheco Coelho, falecido em 1987 durante expedição à ilha
de Cabo Frio, encontrando-se desde 1989 sob a responsalidade de Luis Pedreira
Gonzaga, e está em constante ampliação graças ao trabalho de seus funcionários e
colaboradores por todo o Brasil. Entre os colaboradores colaboradores mais
produtivos e regulares encontram-se (em ordem alfabética) André Carvalhaes,
Curtis Marantz, Jeremy Minns, Juan Mazar Barnett, Luís Fábio Silveira, Rômulo
Ribon, e Sérgio Borges. É mantida também uma interessante coleção de gravações
originais feitas pelo falecido biofísico Aristides Pacheco Leão, doada ao ASEC
por sua viúva Sra. Elizabeth Raja Gabaglia
Leão, e cópia da excelente coleção de gravações feitas por Jacques Vielliard
entre 1973 e 1977 no nordeste com o patrocínio da Academia Brasileira de
Ciências, além de cópias de uma boa parte das gravações feitas por Bret Whitney
entre 1994 e 1996 no Brasil, principalmente na Amazônia, além, de gravações de
Luis Pedreira Gonzaga, feitas desde 1978.
Como resultado desse esforço coletivo e contando ainda parcialmente com a
colaboração voluntária de alunos de graduação no trabalho de catalogação, o ASEC
reúne hoje mais de onze mil gravações ("cuts") originais ou cópias de gravações
originais tombadas de sons emitidos por aves e outros animais silvestres
(anfíbios anuros, insetos, jacarés, mamíferos terrestres, peixes-bois, etc.),
além de diversas produções comerciais de áudio em discos de vinil, cassete e CD.
Milhares de outras gravações ainda estão em processo de catalogação e
tombamento, e podem também eventualmente ser usadas.
Tanto o depósito de cópias de gravações originais por colaboradores quanto o uso
das mesmas com fins não-comerciais (para pesquisa ou divulgação científica e
educação ambiental) ou comerciais, são regulados por acordos ou contratos
firmados com os interessados. Os autores mantêm os seus direitos sobre as
gravações e seu uso, podendo se beneficiar no caso de eventual uso comercial de
suas gravações depositadas no arquivo. As produções comerciais adquiridas pelo
ASEC por compra ou doação são exclusivamente para audição nas dependências do
Laboratório de Bioacústica da UFRJ ou em projetos e estudos de campo
desenvolvidos por este, não se permitindo sua copiagem por ou para terceiros.
Quanto a consultas, o ASEC segue mesmas normais gerais de outros arquivos
sonoros do mundo, como o de Cornell ou o de Londres. Devido a uma série de
limitações técnicas e operacionais, não é possível "consultar" esse tipo de
coleção como normalmente se faz numa coleção de peles de museu, ou seja, com
acesso direto ao material armazenado e livre escolha do que se deseja examinar.
É possível, porém, para o arquivo, atender a pedidos específicos de consulta,
feitos com antecedência necessária para separar o material e fazer cópias para
pesquisa, uso pessoal, institucional ou comercial. Visando garantir um mínimo de
fidelidade, o formato padrão para o fornecimento de cópias é o arquivo digital
AIFF ou WAVE 16 bits, 44 kHz, gravado em CD ou transmitido por e-mail, mas
podemos combinar o fornecimento em praticamente qualquer formato a pedido do
interessado, incluindo cópias analógicas em fita de rolo ou cassete, e cópias de
áudio digital em Mini-Disc ou DAT.
O material e o serviço de pesquisa em arquivo, seleção, edição e copiagem de
gravações não são cobrados para colaboradores do Arquivo, nem para uso pessoal e
de pesquisa de não-colaboradores com um limite de até cinco horas anuais de
serviço por pessoa, ou seja, desde que não sejam pedidos muito extensos ou
freqüentes. Algumas das gravações presentes no arquivo podem não estar
disponíveis, pois facultamos ao colaborador estabelecer limitações para o uso de
todas as suas gravações ou para as que eventualmente ele queira especificar, em
respeito à prioridade de suas pesquisas em andamento. As cópias recebidas de
material depositado no ASEC não podem ser repassadas adiante nem serem
utilizadas com finalidade diferente daquela para a qual foi a solicitação
original. Além disso, o usuário obriga-se a citar o ASEC e os autores das
gravações em qualquer trabalho que resulte do estudo das mesmas ou em qualquer
outro uso público (CDs, palestra, defesa de tese) das gravações, bem como a
fornecer ao Laboratório de Bioacústica da UFRJ uma cópia de qualquer trabalho ou
produto que tenha sido de algum modo baseado nas gravações.
Orientações para encaminhar gravações
Para depositar cópias de gravações com garantia de manutenção de
sua qualidade técnica e de informação é preciso que a fita ou minidisc original
com as gravações sejam enviadas ao ASEC (por sedex ou portador) para copiagem na
íntegra, catalogação da seqüência de gravações e arquivamento. O número de tombo
de gravações especificadas será fornecido, sempre que solicitado, para citação
em trabalhos científicos e o material original será devolvido. Junto com este
devem ser enviadas informações referentes às gravações aí constantes. Essas
informações devem incluir, idealmente:
1.
identificação das espécies;
2. se a identificação foi visual, auditiva ou através
de coleta ou captura do indivíduo que teve a voz gravada e existência de
qualquer documentação adicional, como fotografia ou vídeo;
3. local, data e ambiente onde foi feita cada gravação;
4. se o som foi emitido espontaneamente ou após reprodução de som previamente gravado (chama eletrônica ou "play-back";
5. se tratava-se de indivíduo solitário, em casal ou grupo com mais de dois indivíduos; distância aproximada;
6. sexo e idade quando possível.
Essa
relação pode ser enviada por e-mail ou em disquete junto com as gravações, em
arquivo Excel ou Word, mas de preferência deve ser também impressa. Além disso,
devem ser fornecidas informações sobre o tipo, marca e modelo do equipamento
empregado (microfone e gravador), bem como de qualquer recurso adicional usado
(atenuação na entrada de microfone do gravador ou filtro de graves no microfone
(p.ex. Sennheiser série ME), uso de refletor parabólico, protetor de vento,
suspensão elástica, etc.).
O ideal é que cada gravação seja acompanhada, ao final, de anúncio gravado logo
após, com as informações pertinentes àquela gravação. É importante detalhar um
pouco isso, porque adotamos e recomendamos o uso do sistema de numeração de
fitas master (originais) usado pelo Prof. Vielliard no Arquivo Sonoro
Neotropical, em que um número seriado é precedido pelas iniciais (geralmente
duas ou três) do nome do autor. Por exemplo, a primeira fita cassete gravada por
um hipotético autor chamado Inácio Observador de Aves (que nunca gravou
anteriormente em rolo) receberia o código IOA 001 (ou IOA C-001 se ele já
tivesse uma coleção anterior de gravações em rolo). Se ele passasse a usar
gravador r-DAT poderia começar nova numeração: IOA D-001 e, depois, usando
Mini-Disc, IOA MD-001. A numeração das seqüências dentro de
cada fita (não interrompida quando eventualmente passa do lado A para o lado B
do rolo ou cassete, embora recomende-se não usar os dois lados da fita) é
determinada pelos anúncios (ou "rótulos") feitos pelo autor. Cada anúncio
encerra uma seqüência e dá início à seguinte. Quando o autor faz uma interrupção
(pausa ou parada) na gravação e depois continua a gravar sem fazer anúncio,
temos na sua fita dois cortes ("cuts" ou "takes") de microfone, que são
identificados por letras do alfabeto, por exemplo: IOA 001/01a,b,c,... (etc.)e,
depois de um anúncio falado, IOA 001/02a,b,...(etc.). Essa é a melhor (senão a
única) forma inequívoca e universal de identificar um determinado trecho de
gravação numa seqüência original em fita analógica (correspondendo ao "número de
coletor" de um exemplar), independentemente dos sistemas de gravação ou de
reprodução usados.
Uma dúvida muito freqüente de potenciais colaboradores quando fazem seu primeiro
contato com o ASEC é se devem fazer e enviar apenas uma seleção de suas
gravações "boas", ou se toda e qualquer gravação pode ser arquivada no ASEC.
Pode-se fazer responder a esta pergunta fazendo uma comparação com coleções
seriadas de peles depositadas em museu: deve-se jogar fora um exemplar só porque
ficou mal empalhado? É certo que o ideal é ter exemplares muito bem
taxidermizados numa coleção de peles, de preferência acompanhados por esqueleto,
amostras de tecido, etc., assim como o ideal seria ter somente gravações feitas
em sistema digital, com o microfone acoplado a uma parábola e acompanhadas de
exemplares. Por outro lado, o interesse científico de um exemplar bem preparado
mas sem rótulo é muito pequeno. O principal valor de um exemplar numa coleção
científica (seja de peles, esqueletos ou sons) é conferido a ele por sua
documentação adicional. Portanto, desde que dê para ouvir e identificar a
espécie numa gravação, e todos os dados relevantes estejam anotados, ela vale
como documento científico (embora possa não servir para outras coisas, como
fazer sonograma, etc.) e deve ser depositada num arquivo institucional, sim.
Como mencionado acima, o ASEC pode fornecer ao colaborador ou consulente o
número de tombamento de gravações especificadas, para citação em trabalhos
científicos ou simples referência, possibilitando consulta posterior por outros
estudiosos, exatamente como se faz com peles depositadas num museu.
Luiz Pedreira Gonzaga
Endereço e e-mail do Arquivo
Caixa Postal 68033 21941-971 - Rio de Janeiro, RJ