COMO ORGANIZAR, INFORMATIZAR E TRABALHAR COM LISTAS DE AVES
Entendendo o CBRO.
O Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos - CBRO, divulga periodicamente novas versões da Lista de Aves do Brasil. Assim, as listas que tinhamos em nossos arquivos ficam desatualizadas em diversos aspectos. Para facilitar a atualização dessas listas, o CBRO divulga, junto com cada nova lista, um roteiro com as alterações implementadas com relação à lista anterior.
Por que os nomes mudam ?
Os nomes científicos dos animais, em uso há mais de 250
anos, carregam um duplo significado. Além de serem o “Nome” – ao conferir a
cada espécie um único binômio válido e universal – prestam-se também a
indicar um certo nível de parentesco. Afinal, espécies pertencentes a um
mesmo gênero são mais aparentadas que aquelas tratadas em gêneros
diferentes.
Desse modo, araras-vermelhas (Ara
chloropterus) e araras-canindés (Ara
ararauna), ambas pertencentes ao gênero
Ara, são mais aparentadas entre si
do que, por exemplo, estas com a arara-azul (Anodorhynchus
hyacinthinus).
É justamente a indicação, em nível de gênero, desse
parentesco próximo, a principal razão das mudanças dos nomes de aves
acontecidas nos últimos anos. Os avanços no conhecimento genético das
espécies, com o advento de novas técnicas de análise da Biologia Molecular,
estão revolucionando a classificação dos seres vivos.
Na medida em que é evidenciado – por estudos modernos –
que uma certa espécie é muito aparentada a outra torna-se forçoso agrupar
ambas sob um mesmo gênero. Por isso, a fogo-apagou e a rolinha-roxa
compartilham atualmente o mesmo gênero
Columbina. Daí, não mais chamamos a primeira de
Scardafella squammata e sim de
Columbina squammata.
Comentamos até aqui acerca de mudanças operadas por avanços no conhecimento
da classificação, porém os nomes podem mudar também por razões de ordem
meramente nomenclaturais. Mudanças estas ocasionadas pela aplicação das
regras contidas no Código Internacional de Nomenclatura Zoológica
www.iczn.org
Mudanças desse último tipo podem ser motivadas por detalhes tais como prioridade, homonimia, grafia original, concordância gramatical e indisponibilidade. Em todos esses casos, os autores devem publicar e justificar suas interpretações estritamente a partir das regras e das recomendações do Código (a edição em vigor é a quarta, de 1999). Os casos mais polêmicos, ou não previstos no Código, podem exigir a decisão de uma corte superior, a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica.
José Fernando Pacheco - Idealizador do CBRO
Veja o arquivo Histórico das Listas do CBRO. Ele mostra a lista de aves do Brasil constante em Sick (1997) e as diversas listas do CBRO, com a correspondência dos taxons. Com esse arquivo pode-se ver os diferentes tratamentos dados a um nome ou a um taxon, nas diversas listas.