GANGA BRUTA
Era uma selva imensa de jatobás
gigantes
E uma garoa muita intensa passeando pelas matas
Tinha cores cambiantes
E nas embuias bonitas entrelaçadas de cipó
Tinha as mais lindas parasitas e nos galhos passarinhos
Tiê sangue e curió
Lá na roça azulada numa choça bonita eu vivia
Não queria mais nada, nem mulher eu queria
A mulher e a saudade estão sempre tão longe da felicidade
E a natureza sempre em festa o coração sempre contente
O sol entrava pela fresta da janela mal fechada
Mal se via a madrugada
E a passarada era uma orquestra que festejava a minha vida
Quando eu saia para a lida do trabalho que faz bem
Mais feliz do que ninguém
Mas na roça azulada veio um dia um saci pererê
Moreninha queimada, mulher como quê
Tomou conta da roça, da minha palhoça e do meu coração
Mas a dona de tudo, dia sim e outro também,
Tudo aqui ficou mudo, eu fiquei sem ninguém
Sozinho na roça cantando na choça com o meu violão
Curió: Sporophila angolensis
Tiê-sangue:
Ramphocelus bresilius