VIOLEIRO
O meu
peito canta moda que meu coração mandar
Sou
violeiro destemido, eu nasci para cantar -
O gemer
desta viola faz quem tem paixão chorar
Do
terreiro da palhoça já fiz versos pro luar.
Minha voz
nasce no peito, se perdia lá no espaço
Sabiá canta no galho, o canário no terraço -
Minha
viola fandangueira toda enfeitada de laço
Quando
ela tá magoada vem se queixar no meu braço.
Na hora
que for preciso já mostrei minha coragem
Na festa
que foi campeão, pois nunca contei vantagem -
Para
todos os violeiros sempre tive uma mensagem
Já fiz
versos pras morenas, pros velhos fiz homenagem.
Fiquei
velho aqui na roça, passei a vida carpindo
Canto
moda recordando do meu tempo de menino -
No
batente da palhoça contemplo o mundo sorrindo
Minha
viola, meu passado, meu sertão vou despedindo.
Canário: deve se referir a Sicalis flaveola.
Sabiá: diversas espécies mas em geral refere-se ao Turdus rufiventris.