GATOS DOMÉSTICOS EM ÁREAS PÚBLICAS

Os gatos domésticos são grandes predadores de aves. Nos Estados Unidos estima-se que em torno de 4 milhões de aves são predadas por gatos domésticos por dia, mais de 1 bilhão de aves por ano (Ornithology, Frank B. Gill, 1995, W. H. Freeman). As aves que se alimentam no chão, como rolinhas e sabiás entre outras, são as principais vítimas. Da mesma forma, os filhotes, que pela dificuldade em voar acabam caindo no chão ou ficando a pouca altura.

A existência de gatos domésticos em áreas públicas ocasiona uma série de problemas, exigindo seu controle. Entretanto, muitas pessoas desconhecem estes problemas e por isto até defendem a permanência destes animais nestas áreas, protegendo-os e alimentando-os.

Os gatos abandonados em áreas públicas oferecem risco à saúde pública, justificando por este motivo a tomada de medidas por parte das autoridades e dos próprios cidadãos. Transmitem diversas doenças, como a toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondi, que é transmitido pelas fezes dos felinos. Como eles têm o hábito de defecar na areia, oferecem risco para as crianças, que gostam de brincar nestes lugares. Muitos parques mantêm "bancos de areia" para esta finalidade. A toxoplasmose é especialmente grave em mulheres grávidas, podendo afetar o feto, causando diversas anomalias. Também pode ocorrer a toxoplasmose ocular que ocasiona problemas crônicos de visão. Os portadores de algum tipo de imunodeficiência, como a AIDS, podem apresentar a toxoplasmose cerebral, um tipo grave de meningite.

Além desta doença, os gatos podem ser vetores de verminoses e ectoparasitos. O hábito dos gatos de lamberem seu próprio ânus para limpá-lo e também o pêlo, facilita a passagem de ovos de vermes para este último. As crianças em especial gostam de pegar ou alisar os pelos dos gatos e também com frequência colocam as mãos na boca, fechando o ciclo dos parasitas.

Os gatos mantidos em domicílios devem e podem ser cuidados quanto a estes aspectos, sob orientação de veterinários, o que é impraticável com relação aos gatos abandonados em áreas públicas.

Gatos abandonados podem ficar menos amistosos, podem agredir pessoas que tentam segurá-los, com arranhões e mordidas. As mordeduras oferecem o risco de transmissão da raiva, uma doença mortal. Em função disto, o ofendido será obrigado a tomar o esquema de vacinação anti-rábico ou encaminhar o animal para um órgão especializado para ser sacrificado e examinado. Em geral a população desconhece este risco e dificilmente toma estas providências preventivas.

O argumento de que os gatos ajudam a controlar os ratos é frágil, pois embora os gatos de fato capturem ratos, o controle dos roedores deve ser feito principalmente pela destinação adequada do lixo. Muitas pessoas colocam alimentos para os gatos em áreas públicas, o que acaba favorecendo os ratos e baratas. Em áreas suburbanas, rurais ou mesmo em Unidades de Conservação podem matar ratos silvestres, importantes na cadeia alimentar de muitos animais silvestres.

Algumas pessoas argumentam também que os gatos constituem parte do ecossistema ou da cadeia alimentar. De fato isto ocorre, porém na natureza os felinos silvestres existem em uma densidade populacional muito menor que a apresentada pelos gatos domésticos, sendo necessária uma área muito grande para a sobrevivência de um único gato selvagem. Uma onça pintada, por exemplo, exige uma área mínima de 200 hectares. No Parque da Luz, em São Paulo, foram capturados de uma só vez 100 gatos.

Os gatos são animais domésticos, portanto, para que sejam adequadamente tratados, devem ser mantidos restritos aos domicílios.

Outros argumentam o "direito" dos gatos de viverem nas áreas públicas. Mas na realidade estão reivindicando seu próprio direito de utilizarem áreas públicas como "quintais particulares" para seus animais de estimação, já que para lá os levam e vão diariamente alimentá-los e dar outros cuidados. Em muitas cidades, como em São Paulo, há legislações que proíbem a soltura de animais domésticos em áreas públicas. Pessoas que não querem mais seus animais devem levá-los para entidades protetoras de animais que se disponham a cuidar deles, ou aos Centros de Controle de Zoonoses municipais.

 

Veja mais sobre gatos domésticos como predadores

de aves e outros animais silvestres

no documento da American Bird Conservancy