LUGAR DE ANIMAL SILVESTRE É NA NATUREZA

 

Denuncie animais silvestres em cativeiro ilegalmente

Linha Verde do IBAMA: linhaverde.sede@ibama.gov.br
Polícia Militar Ambiental de São Paulo: cpamb@polmil.sp.gov.br
Corregedoria da Polícia Militar Ambiental: corregedoria@ambiente.sp.gov.br

 

 

A lição do suiriri-cavaleiro (Machetornis rixosus). 

 

Em visita à Floresta Nacional de Ipanema, em Araçoiaba-da-Serra, SP, tivemos um interessante contato com este suiriri-cavaleiro (Machetornis rixosus). Ele nos surpreendeu demonstrando extrema confiança em nós. Alguém poderia aproveitar-se dessa situação para pegá-lo, nem que fosse pelo simples prazer de fazer e ostentar isto para os outros. Mas nos contentamos, claro, em apenas admirá-lo, fotografá-lo e deixá-lo ali, livre no lugar de onde as aves silvestres nunca deveriam ser tiradas ou molestadas. Ele nos deu uma grande lição, nos mostrando que é possível convivermos com os animais silvestres respeitando seu espaço e sua liberdade. Luiz Fernando de A. Figueiredo.

 

Veja o álbum de fotos (melhor visualizado com Mozilla Firefox).

 

 

Cartazes produzidos para a Campanha.

 

JUSTIFICATIVA

A principal interferência humana sobre a biosfera, responsável pela extinção de muitas espécies e ameaça a diversas outras foi no passado e continua sendo em muitos países a destruição dos hábitats naturais. É fácil constatar que em futuro próximo teremos de nos contentar com os fragmentos remanescentes destes hábitats, constituídos pelas áreas de alguma forma transformadas em Unidades de Conservação e por propriedades particulares pertencentes a pessoas com um mínimo de amor pela natureza.

Deste modo, a adequada proteção destes remanescentes constitui com certeza a estratégia com melhores chances de ter resultados efetivos para a preservação do que resta de biodiversidade. Entretanto é muito grande a pressão antrópica sobre esses remanescentes. Medidas legais são obviamente necessárias e bem vindas. Sabe-se, porém que entre a promulgação destas e a mudança real do comportamento das pessoas há uma grande distância, especialmente em nosso meio, extremamente carente de uma adequada fiscalização e policiamento.

Urge portanto, investir numa mudança de cultura da sociedade frente à natureza, visando principalmente duas práticas comprovadamente perniciosas: a caça e o gosto pela manutenção de animais silvestres em cativeiro. Esta última tem sido responsável pela perpetuação do tráfico de animais silvestres, que ocupa destacado lugar como atividade lucrativa, concorrendo com tráfico de drogas e o de armas. A despeito disto, tal gosto é livremente propagado em nossa sociedade, sendo comum vermos na televisão e na imprensa escrita programas ou reportagens que mostram animais silvestres exóticos em situação de cativeiro por simples deleite de seus detentores, sem nenhuma conotação científica ou conservacionista. Ao mesmo tempo, proliferam casas especializadas na venda destes animais, criando uma situação absolutamente incoerente, pois ao mesmo tempo que nossa legislação proíbe a perseguição, caça, apanha, comercialização, etc de nossos animais nativos, omite-se na proteção dos exóticos, como se a biosfera pudesse ser dividida por fronteiras políticas. Isto em plena era da globalização de economias, comunicações e costumes.

Alguns poderão argumentar que os animais exóticos liberados para o comércio são espécies comuns em seus países de origem, não havendo neste caso risco para suas populações. De fato, o acordo internacional CITES, do qual muitos países são signatários, estabelece as listas das espécies que podem ser comercializadas, proibindo esta prática para espécies com algum grau de risco. Sabe-se entretanto, que estas determinações dificilmente são seguidas na prática, além de que a carência de estudos sobre a fauna em muitos países impede um correto conhecimento da real situação das populações de um grande número de espécies. Recente relatório mostrou que o monitoramento das populações é pobre ou não existente na maior parte dos países exportadores de aves silvestres, o que permite concluir que os requerimentos básicos para garantir que esta utilização seja auto-sustentável não estão sendo seguidas no presente. Do mesmo modo, há muito pouca evidência prática comprovando existir uma relação clara entre proteção dos hábitats e exportação de aves silvestres, contradizendo o argumento de alguns órgãos governamentais (de outros países) de que a exploração do valor comercial das aves silvestres cria incentivos para a preservação desses hábitats, impedindo que sejam convertidos em áreas com outras atividades econômicas, como a agricultura.

O que acreditamos deve ser discutido é não simplesmente a definição de quais espécies podem ser comercializadas, mas sim a necessidade de manter animais em cativeiro por puro prazer humano, o que favorece uma visão distorcida da natureza, além de colocar, na grande maioria das vezes, os animais numa situação de vida absolutamente antinatural.

Acrescente-se o fato de que um risco da importação de animais silvestres para servirem de animais de estimação é serem procriados e depois propositadamente ou inadvertidamente soltos em nosso meio, podendo ocasionar desequilíbrios ecológicos. Há inumeráveis exemplos destes desequilíbrios.

Propomos então que seja dado um tratamento igualitário aos animais silvestres de todo o mundo, equiparando nos benefícios de nossas leis de proteção da fauna os animais nativos e os exóticos, mesmo que em seus países de origem ainda não sejam protegidos da mesma forma.

Do mesmo modo é necessário esclarecer a Imprensa sobre os efeitos deletérios do estímulo à manutenção de animais silvestres como "animais de estimação", o que só contribui para manter a demanda responsável pelo tráfico destes animais. Por outro lado, devem mostrar aos cidadãos as possibilidades de manter uma relação muito mais interessante e honesta com a natureza, baseada em práticas que implicam unicamente em sua contemplação, tais como o safari fotográfico, o "bird-watching", o "sharing nature", o "naturalista amador", o "jardim ecológico" e muitas outras.

ESTRATÉGIAS

Atuação junto às instâncias legisladoras no sentido de uma regulamentação adequada desta prática.

Denúncias aos órgãos responsáveis das situações de animais silvestres em cativeiro em condições ilegais.

Acompanhamento, esclarecimento e orientação da Imprensa, visando que esta não divulgue matérias que estimulem a prática da manutenção de animais silvestres em cativeiro como animais de estimação e, por outro lado, divulgue atitudes saudáveis de contemplação da natureza.

Educação ambiental: instrumentalizar com as idéias da Campanha entidades e instituições que trabalham com educação ambiental. Divulgação na Imprensa as idéias da Campanha.

Propostas de alternativas saudáveis de contemplação da natureza: divulgar práticas de contemplação e usufruto da natureza que não impliquem em danos à biodiversidade, tais como o "Programa Jardim Ecológico", a "Observação de Aves", os programas de reintrodução de espécies na natureza, entre outras.

ANIMAIS SILVESTRES COMO PETS